Sunday 3 November 2013

Mudança climática: Europa unida no fracasso

carta maior
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28/10/2013 - Copyleft

Mudança climática: Europa unida no fracasso

Custa ao velho continente concentrar-se em seus compromissos meio ambientais e energéticos. Nenhum dos países da União Europeia cumpriu seus objetivos.


Federico Rendina
MDR
Ninguém cumpriu os objetivos, é verdade. Mas existe alguém que os cumpra na Europa? Ainda que seja por uma única vez. Isso não serve muito de consolo; certo é que custa ao velho continente concentrar-se em seus compromissos meio ambientais e energéticos (pois os dois vão de mãos dadas), recolhidos no famoso protocolo 20-20-20: o compromisso de conseguir, em todos os Estados membros da União Europeia, no final deste decênio, uma redução de 20% nas emissões de CO2 em relação a 1990, o que teria como consequência uma melhora das mesmas proporções da eficiência energética, assim como o uso de 20% de energias renováveis no conjunto da produção.
 
 
A Europa em geral não alcançará o objetivo, nenhum país da União conseguirá alcançar os três compromissos do cronograma estabelecido em 2008. É o que afirma o relatório 'Tendências e projeções na Europa em 2013 – Acompanhamento do progresso rumo aos objetivos climáticos e energéticos europeus até 2020' que a Agência Europeia do Meio Ambiente acaba de publicar.
 
 
Para o conjunto dos países europeus, o critério mais difícil de cumprir é o da redução de 20% do consumo energético. Atualmente, segundo os cálculos da Agência, apenas quatro de 26 países, uma vez que a Eslovênia e a Croácia não aderiram ao compromisso, se aproximam do objetivo: França, Alemanha, Bulgária e Dinamarca. Trata-se daqueles países nos quais funcionaram as políticas fiscais e industriais para fomentar a redução do consumo energético. A Agência adverte também que, independentemente do que aconteça, com ou sem crise, os consumos europeus de energia primária se aproximarão, em 2020, a 1,5 bilhões de toneladas de petróleo, com o que o objetivo da redução do consumo claramente fica fora do alcance dos países.
 
 
 
A crise aproxima os objetivos
 
Globalmente, a Europa se aproxima do objetivo de redução de 20% das emissões de CO2 (a projeção da Agência indica -18%) graças à crise, que desacelera as máquinas da economia e do desenvolvimento. Mas, inclusive nesse sentido, nem todos os países percorreram o mesmo caminho. A metade dos Estados, 14 de 28, mantém o rumo e portanto poderia cumprir o pactuado. Mas Espanha, Bélgica, Luxemburgo, Áustria, Estônia e inclusive a verde Irlanda se encontram fora da trajetória correta. E os demais países, incluída a Itália, unicamente poderão chegar a cumprir os objetivos se reforçarem as medidas em curso.
 
Na corrida pelo uso de energias renováveis em 20%, cada um continua seu próprio caminho. A estimativa para o conjunto da Europa está um tanto defasada: em 2011, as energias renováveis representavam 13% do conjunto do consumo. Um dado que podia dar esperanças do cumprimento do objetivo em 2020. Mas, nesse sentido, a corrida também se desenvolve em diferentes velocidades. A França (apesar dos que insistem em pedir que se inclua a energia nuclear na lista das energias respeitosas com o meio ambiente), mas também a Bélgica, o Reino Unido, os Países Baixos, Malta e Letônia continuam abaixo do mínimo estabelecido.
  
A pergunta que se impõe é: quem tem razão? Os que desde o começo sustentavam que a resolução 20-20-20 era, na verdade, um exercício irrealista e demasiado ambicioso? Ou os que afirmam que, ainda que não se chegue ao final, a corrida em direção a esses objetivos já pode considerar-se um êxito em si? 
 
Federico Rendino é jornalista do periódico italiano Il Sole 24 Ore. Texto originalmente publicado em Other News.
 
Tradução de Libório Júnior.

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