Tuesday 27 September 2011

Matheus Moura - pensamento criativo


fonte: revista de filosofia


Pensamento criativo



Filosofia Oriental, Física Quântica e Histórias em Quadrinhos: uma mistura inusitada que auxilia o desenvolvimento de reflexões filosófico-existenciais.


Por Matheus Moura*


Pensador e artista, o professor dr. Gazy Andraus se dedica a estudar novas maneiras de ensinar. Como docente, o foco são as formas não tradicionais de ensino, visando desenvolver o lado direito do cérebro, ou seja, a criatividade dos alunos. Parte dessa premissa foi discorrida por ele na Dissertação de Mestrado intitulada Existe o quadrinho no vazio entre dois quadrinhos? (ou: O Koan nas Histórias em Quadrinhos Autorais Adultas) e defendida na faculdade de Artes Visuais do Instituto de Artes da Unesp, em São Paulo. nessa pesquisa, elementos da filosofia oriental como os Koans, utilizados pelos zen-budistas, são aliados à Física Quântica para traçar de que maneira funcionam, na mente do leitor, os espaços entre os quadros de uma HQ.
O doutorado em Ciências da Comunicação, na área de Interfaces da Comunicação, pela ECA-USP (premiado com a melhor tese de 2006 pelo HQMIX 2007), tem como título As histórias em quadrinhos como informação imagética integrada ao ensino universitário. Dando continuidade aos estudos desenvolvidos no mestrado, Andraus aprofunda as questões relacionadas à recepção imagética levando a discussão à aplicabilidade das HQs em sala de aula.
Como professor, atualmente, leciona na FIG-UNIMESP – Centro Universitário Metropolitano de São Paulo, tanto na graduação como na pós-graduação do Curso Docência no Ensino Superior. É também membro dos grupos de pesquisa Observatório de Histórias em Quadrinhos da ECA-USP; Interculturalidade e Poéticas da Fronteira, na UFU; e do INTERESPE – Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Interdisciplinaridade e Espiritualidade na Educação, PUC/SP. Como artista, é editor de fanzines e autor independente de histórias em quadrinhos adultas de temática fantástico- filosófica. na entrevista desta edição, a Conhecimento Prático Filosofia conversa com o dr. Andraus sobre educação contemporânea, Filosofia Oriental, Física Quântica, HQs em sala de aula e como tudo isso pode funcionar em conjunto.
Conhecimento Prático Filósofia: Para começarmos, seria interessante abordar a educação. em entrevista passada, a filósofa olgária Matos comentou algo que chama a atenção. ela aborda a questão de a universidade hoje ser pós-moderna e, devido a isso, ter – em certo sentido – valores entre professores e alunos bem distintos. Como vê isso do ponto de vista do docente?
Pós- Humanismo
É o termo usado quando se pensa na junção harmônica entre homem e máquina. atualmente, vários artistas e pensadores estudam os fenômenos decorrentes dos avanços tecnológicos apontando novas perspectivas para a humanidade no futuro – devido à interação homem-máquina ser cada vez mais comum.
GAZY ANDRAUS: Realmente, os valores têm se transmutado cada vez mais rapidamente, de poucas décadas para cá. Eu vejo, dos meus 44 anos, que as gerações atuais são bem diferentes do que eu fui na infância e juventude. A tecnologia atual possui computadores portáteis e celulares, algo que só aparecia em filmes de ficção cientifi- ca antes! As TVs não operavam 24 horas, e agora centenas de canais o fazem ao mesmo tempo. Recentemente, vi uma matéria alertando que as crianças atuais são mais fracas fisicamente que as de mesma idade de três décadas atrás, pois elas limitam a sua atuação física devido a essas tecnologias! O pensamento também é mais versátil e desfocado! Assim, é claro que os alunos de escolas, e também os de universidades, têm tais digressões em pauta na atualidade. Como professor de uma instituição particular com fins filantrópicos, vejo uma qualidade baixa na formação escolar dos meus alunos, porém ainda dialogamos muito, já que os meus conceitos éticos e morais me fazem passar para eles os valores que nutro.
E eles, apesar de serem mais novos, geralmente parecem aceitar e entender essa maneira distinta concernente ao pós-modernismo (ou a Pós- Humanismo, para lembrar os estudos e pesquisas de meu amigo Edgar Franco), que eu coloco criticamente como passível de reflexão. Também reflito sobre essas questões com meus alunos da pós, estes já mais bem embasados, professores e preocupados com os rumos da educação. nas instituições federais, quando vou para defesas ou congressos e seminário, percebo o mesmo, mas é claro, com alunos melhores embasados. Entretanto, nas demais instituições particulares em geral, a “pressa” é da formação e do título visando uma posição qualquer no mercado, devido à subsistência. Isso não quer dizer que antes não havia, mas a premência e a pressa nisso substituíram a função real de uma universidade: dar as bases para a reflexão! Pareceme, em realidade, que todo o passado contribuiu para esse presente, já que a tecnologia advinda das pesquisas pretéritas corroborada com as resultantes de agora criaram essa “loucura” pós-modernohumana em que as pessoas não têm mais tempo para reflexão, apenas para um pragmatismo imposto e totalmente egoísta!
Manoel de Barros
manoel Wenceslau leite de Barros, nascido em Cuiabá (mt), em 1916. Poeta, pertence à chamada geração de 45, apesar de fazer parte do modernismo brasileiro. É considerado o mais aclamado poeta brasileiro da contemporaneidade, tanto que Carlos drummond de andrade chegou a recusar o título de maior poeta vivo do Brasil em favor de manoel de Barros.
CPF: seu trabalho e sua pesquisa são, dentre outros, focados no uso – vamos dizer –, alternativo de métodos educacionais. Poderia dizer mais sobre isso?
GA:
 Sim. Além de ter lecionado em cursos de arte e design, coordeno um curso de pós-graduação (lato sensu) em Docência no ensino superior na FIG-UnIMESP, no qual trabalho nos três módulos. Primeiro que, para nós do curso, a tônica é no foco humanista, e não tecnicista! Assim, junto de mais três professores, o mentor Ruy Cesar do Espírito Santo, e as educadoras Ana Varella e Olgair Garcia (todos com vasta experiência em educação), acabamos por criar um curso que reflete o humano, a posição do educador face ao ensino e à sua relação com o educando. Isso prioriza um envolvimento menos técnico no sentido absoluto das linhas de educação já estigmatizadas (mas não as menosprezando), e mais condizente com uma visão subjetiva das possibilidades de interação, como expõe a ciência quântica atual, em que o pesquisador sempre afetará o experimento. Eu, por exemplo, emprego os meus conhecimentos inter e transdisciplinares, angariados no mestrado e doutorado principalmente – muito graças ao embasamento nas leituras ficcionais que fiz em minha vida, inclusive na área das histórias em quadrinhos!
Faço uso delas e de filmes para reflexão (mas não só), contemplando as descobertas mais recentes da ciência cognitiva atual, que desenvolve novos conceitos a partir das pesquisas com a tomografia computadorizada, abordando a mente e as suas possibilidades, mas ligando a questão da cientificidade racional cartesiana à artística subjetiva! Exemplifico com abordagens que resgatam o pensar racional dos cientistas, bem como as poesias de um aManoel de Barrosou de um hai-kai, além dos koans zen-budistas. Os fanzines são colocados como parte das expressões possíveis humanas que mais dialogam com a questão da inteligência criativa devido à sua miríade de formatos e temas. Trago às aulas a Fritjof Capra e Amit Goswami com sua criatividade (e ativismo) quântica e muitos outros. Apesar de parecer um caleidoscópio caótico, existe uma linearidade e progressão natural e planejada (em parte, enquanto a outra se dilui na criatividade dos processos), fazendo o corpo discente perceber que há uma tênue linha divisória entre os processos racionais e criativos, e que eles imiscuem-se quando conseguimos atingir um zênite na reflexão e nas práticas! Junto aos outros três professores, cada qual abordando teorias educacionais, seja por Paulo Freire, Rubem Alves ou Pestalozzi ou outros, trabalhamos os alunos que finalizam o curso com TCCs, muitas vezes, interdisciplinares e criativos, que podem também ser feitos pela verve artística (respeitando-se as normas técnicas da abnt, mas não sufocando a criatividade).
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Tudo isso os faz perceber os (des-)limites de sua inteligência sistêmica, e que podem ampliar a sua neuroplasticidade racional/criativa dos hemisférios lateralizados esquerdo-direito cerebrais! Comigo, as aulas se dão na teoria e prática, como por exemplo a leitura de uma HQ fantástico-filosófica e a reflexão a partir dela, tanto racional como artística, deixando os alunos desenvolverem respostas das duas maneiras e perceberem a dicotomia saudável e rica dos dois processos e a sua comunhão!
Fritjof Capra
Fritjof Capra nasceu em Viena, na Áustria, em 1939. Físico teórico e escritor, desenvolve trabalhos visando a educação ecológica. É mais famoso pelo livro O Tao da Física, o qual faz paralelo entre a física moderna (relatividade, física quântica, física das partículas) e as filosofias e pensamentos orientais tradicionais.
CPF: Como se relaciona nesse aspecto seus estudos de filosofia oriental?
GA: 
Tenho familiaridade com Taoísmo e Budismo, por ter estudado ambos por conta própria durante a minha graduação, mas principalmente no meu mestrado, cujo título da dissertação é “Existe o quadrinho no vazio entre dois quadrinhos? ou: O Koan nas Histórias em Quadrinhos Autorais”. Em meu mestrado, trabalhei com HQ fantástico-filosóficas cujas mensagens fossem koanicas, ou seja, em que seus conteúdos levassem a reflexões filosófico-existenciais em uma visão mais abrangente que simplesmente conclusões lógico-lineares, e repasso isso tudo aos meus alunos. Isso se pesquisa, atualmente, com as possibilidades da inteligência artificial e das lógicas paraconsistentes (ou lógicas fuzzy). Além disso, busca-se construir computadores quânticos!
Mas tais “lógicas” já eram “sentidas pelos monges budistas que aplicavam as questões racionais sem respostas plausíveis cartesianas para os seus discípulos para que as suas mentes transcendessem as meras respostas com seus koans, questõesenigmas, como por exemplo: “Qual o som que faz uma das suas mãos ao bater das palmas”, ou “Qual o seu rosto: aquele de antes de você nascer?” Nas poesias hai-kais , havia um pouco disso, pelo texto curto, elíptico e condensado, que fazia a mente dar “saltos” de entendimento. Há muitas HQ também assim, e no Brasil, desenvolveu-se intuitivamente um quadrinho poético que também pode ser chamado de fantástico-filosófico e que traz tais pressupostos, similares ao pensamento oriental, como um aforismo taoista, cuja lógica escapa ao racional limitante.
CPF: Falando em filosofia oriental, quais seriam as principais diferenças entre ela e a desenvolvida pelo pensamento ocidental?
GA:
 Penso que um pouco já respondi na anterior. Mas é bom esclarecer e frisar que a mente racional está ligada, principalmente, a processos do hemisfério cerebral esquerdo, enquanto a mente intuitiva ao direito. Ambas se completam, mas se usarmos mais umas faculdades que outras, podemos hipertrofiar certas habilidades e atrofiar outras! E isso o ensino acadêmico racional fez bem (infelizmente!): ampliou a racionalidade em detrimento da criatividade! É chegada a hora de balancear isso bem! A mente oriental trabalha algumas áreas do hemisfério direito, enquanto a ocidental precisa de mais linearidade e racionalidade, estimulando mais o esquerdo. Fritjof Capra alertou para isso em seu livro O Tao da Física, fazendo-nos ver que a mente oriental propicia que se percebam as raízes, as bases da “árvore” (da existência), enquanto os pensadores ocidentais percebem os ramos dela, mas não o fim. Tanto uma como a outra vão a extremos opostos, como deu a entender o filósofo e educador Huberto Rohden(este, incompreendido, mas que trazia muito do espírito de Teilhard De Chardin). Rubem Alves passou pela racionalidade em sua evolução acadêmica, mas depois que a sua filha nasceu com um problema de lábio leporino, percebendo que não tinha respostas para a situação, apesar de todo o seu conhecimento racional – e das “conquistas” científicas da humanidade –, começou a se render ao poético, afirmando ser necessário misturar ambos nisto a que damos o nome de conhecimento! Richard Feyinman, físico que auxiliou nas teorias quânticas, em determinada fase de sua vida começou a pintar quadros para tentar mais bem perceber a diferença entre o pensamento criativo e o racional! Assim, há muito a se conhecer da mente, mas já se sabe que ela, sendo neuroplástica, deve ser estimulada de todas as maneiras, sejamos orientais ou ocidentais! Fato curioso: descobriu-se por tomografias computadorizadas que os ideogramas são lidos mais pelo hemisfério direito (não linear) que pelo esquerdo do cérebro, enquanto os fonemas mais pelo esquerdo (racional, linear). Seria uma possível justificativa de por que há preconceito com os quadrinhos no ocidente, visto que os desenhos (como os ideogramas) são lidos pelo direito, enquanto, no Japão, não há quase nenhum (leem mangás naturalmente), já que aprendem na infância as duas maneiras de escrita/leitura!
Huberto Rohden
Huberto rohden nasceu em são ludgero, em 1893, e morreu em são Paulo, em 1981. Filósofo, educador e teólogo, é um dos precursores do espiritualismo universalista. escreveu mais de 100 obras que tratam de temáticas espirituais e abordagens espiritualistas de questões ligadas à Pedagogia, Ciência e Filosofia, com ênfase no autoconhecimento, autoeducação e a autorrealização.
CPF: outro ponto interessante em sua pesquisa é quanto à teoria Quântica. Poderia explicar melhor o que ela é, como se desdobra?
GA: no mestrado, eu a pesquisei um pouco, pois vi que serviria para explicar a ponte que eu fazia das HQ diretas e intuídas daquelas de narrativas longas e sequenciadas (lineares); já no doutorado, devido à necessidade de mostrar que o uso das HQ era imprescindível, além de buscar bases cognitivas, apliquei um capítulo somente para discorrer sobre a evolução científica que foi da cartesiana à quântica, mostrando que essa mudança paradigmática descortinou uma lógica que parecia não existir para os cientistas: quando se deram conta de que uma partícula microatômica podia se apresentar como matéria corpuscular, mas também como possibilidade ondulatória (que se mediria no tempo-espaço somente se fosse eleita em uma posição probabilística pelo sujeito/observador), ficaram chocados! Até hoje, afirmam que não entendem como isso é possível, mas dizem que se acostumaram com essa nova “lógica”. Assim, os cientistas afirmam que não se entende a física quântica, mas que se aceita como uma maneira distinta da realidade conhecida, como um novo paradigma que se descortinou, mas para o qual nossa a mente não era preparada anteriormente! E eis que isso realiza um novo ser humano que reflete diferentemente acerca de tudo, da existência, desde o macro ao microcosmo, e que a sua atuação (não só física, como mental) colapsa a realidade na qual se insere. Portanto, temos de ter cuidado com tudo, gerindo uma nova postura no mundo. Isso muda a nossa forma de pensar e de ser e, consequentemente, a nossa educação antiga cai por terra para um novo patamar sistêmico que devemos abarcar e recodificar, antes que seja tarde demais (vide a energia atômica e o seu lado negativo: guerras e radiações mortais).
CPF: Como autor de histórias em quadrinhos fantástico-filosóficas, poderia explicar melhor o que seria esse gênero, principais diferenças e potenciais?
GA: 
São geralmente HQ curtas, mas com mensagens de reflexão, porém não apenas filosóficas, podendo ser transcendentes. O termo foi cunhado por Henrique Torreiro, organizador do evento anual Xornadas de Ourense, realizado na Espanha-galega, que trazia um catálogo e exposição anuais de fanzines do mundo todo. Quando ele leu o fanzine “Irmãos Siameses”, produzido em meados da década de 1990, por mim e por Edgar Franco, devido às nossas semelhanças de estilo de composição e mensagens, imediatamente designou-as de “HQ fantásticofilosóficas”. Geralmente se aproximam em sua estrutura do que seria o hai-kai para a poesia, ou o koan para o discípulo zen-budista: mensagens curtas, mas diretas, que buscam solapar a lógica linear do leitor. As HQ desse estilo têm mais cortes e elipses, e são compostas de poucas páginas, sendo uma espécie de quadrinho-poético para as HQ. Muitos leitores acostumados com roteiros lineares torcem o nariz para esse tipo de quadrinho, mas estão simplesmente acostumados demais a ler narrativas lineares e longas, e sua mente precisa se acostumar a essas outras, “habilitando” melhor o seu hemisfério direito cerebral. Os videoclipes criados nas décadas passadas começaram a fazer isso com as músicas trazendo roteiros quebrados e elípticos, formatando novas gerações. Pena que, nos quadrinhos, são poucos os que perceberam essa equivalência possível! Mas é a mente racional que precisa ser retrabalhada para entender e aceitar, como os físicos quânticos também tiveram que se acostumar para entenderem a, então, nova modalidade de visão da física. O potencial desse tipo de quadrinho é mesmo de fazer a mente dar “saltos” filosóficos e além, como são os koans budistas! Ainda mais se levarmos em conta que os desenhos são de estilos únicos e diferentes, muitas vezes elaborados intuitivamente com traços diretos a tinta e sob audição de músicas, como é o caso de meu processo criativo!
CPF: Pegando o gancho com as HQs, você tem pesquisado muito no âmbito dos fanzines, certo? Quais aspectos se destacam e como esse estudo se relaciona com a educação?
Fanzine: A Plurivalência Paratópica 
O artigo escrito pela profª. dra. Suely Zavam, da Universidade de Fortaleza – UNIFOR , pode ser lido pelo link http://www3.unisul. br/paginas/ensino/pos/ linguagem/0601/01.htm.
GA: Sim, tenho buscado verificar o que reside na questão dos fanzines, pois a maior parte de minha vida profissional tem se dado pela publicação alternativa dos fanzines (ou zines). Primeiro porque eles são um meio livre de quaisquer questões “oficiais”, ou seja, podem ser elaborados de acordo com a criatividade do autor, e “publicados” até por fotocopiadoras e impressoras de computador, em casa. Segundo, são revistas criadas pelo próprio autor (ou autores em cooperativa), que se compraz em compilar suas HQ, suas poesias, seus escritos etc., tendo total liberdade de fazer como for desejado e como limite apenas as suas possibilidades técnicas e financeiras. O mais interessante disso tudo é que o autor não precisa engavetar as suas criações, e nem aguardar até sabe-se lá quando para, um dia, ser “descoberto” e editado! Aliás, não fossem os fanzines, a maioria jamais poderia ter essa possibilidade de ver publicadas suas ideias e expressões artísticas. Os fanzines foram chamados de paratópicos pela pesquisadora Suely Zavam, em seu artigo a Fanzine: A Plurivalência Paratópica , o que quer dizer que estão em paralelo às publicações ditas oficiais: existem, mas sem existir! Ou não existem, existindo! A maioria da humanidade sequer sabe o que são fanzines e nunca deve ter tido contato. Mas eles estão aí espalhados pelo orbe em ondas de probabilidade quântica, e vez ou outra, se “materializam”, de acordo com o desejo do seu autor. Igualzinho ao que apregoa a teoria da física quântica, em que o observador/pesquisador é quem mede a presença corpuscular da micropartícula atômica, tornando-a exequível, a partir de uma miríade de probabilidades de onda (manifestada antes como energia/luz). Interessante que os fanzines se portam da mesma maneira quântica, não? E o melhor é que fazem as pessoas se irmanarem, independentemente de distâncias (pelo correio e, atualmente, pela internet), em uma troca robusta, criativa, sinérgica e resiliente de ideias!

* Matheus Moura é jornalista. Atualmente, cursa o mestrado em Artes e Cultura Visual do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Artes Visuais da UFG.


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