Thursday 26 March 2015

Carta Aberta: Obrigado Paulo Freire - GEPPF, UFES

Prezados(as),
O Grupo de Estudos e Pesquisas Paulo Freire (GEPPF), registrado no CNPq, e localizado no Centro de Educação da Universidade Federal do Espírito Santo, foi constituído recentemente com o objetivo de empreender estudos e pesquisas, e também de construir um espaço dialógico sobre a obra freireana no Espírito Santo, tendo em vista realizar aquilo que o professor nos pediu em vida: mais que divulgar e/ou “aplicar” suas ideias, discutir e recriar sua obra.
Infelizmente, nosso primeiro ato oficial, depois da certificação institucional, não foi um evento, curso ou pesquisa, mas uma carta que altivamente busca defender Paulo Freire, sua obra e memória de injustas acusações de setores conservadores que, no âmbito da luta de classes (como não nos deixava esquecer, nem nos enganar), ousam atacar publicamente nosso mestre Paulo Freire, aproveitando-se das manifestações de 15/03/2015.
Nossa carta foi construída pelas mãos dos professores pesquisadores que compõem o grupo (Itamar Mendes da Silva, Valter Martins Giovedi e Débora Monteiro do Amaral) e foi lida pelo professor Itamar (que é Conselheiro Estadual de Educação) na sessão plenária do Conselho Estadual de Educação do Espírito Santo no dia 18 de março, sendo aprovada por unanimidade e publicada na página do CEE-ES. Neste contexto queremos dividi-la com vocês.
Grupo de Estudos e Pesquisas Paulo Freire (GEPPF).
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Carta Aberta: Obrigado Paulo Freire!
Prezados(as),
Vimos à presença de vocês pedindo licença para nos posicionarmos, primeiramente enquanto educadores(as) capixabas e brasileiros, e depois como estudiosos/pesquisadores da educação, frente a algumas manifestações particulares no interior das manifestações do último domingo, dia 15/03/2015.
As declarações de ódio explícito a Paulo Freire e sua suposta “pedagogia de doutrinação comunista” foi uma das marcas dos protestos ocorridos no último domingo em vários lugares do Brasil.
Certamente, quem estendeu cartazes desse tipo atacando, senão o maior, um dos maiores educadores brasileiros de todos os tempos, reconhecido internacionalmente como autor de uma obra magnífica e também como símbolo de uma práxis pedagógica a serviço da construção de uma sociedade mais humana, justa e democrática, desconhece a sua história, não leu a sua obra ou, se leu, não a compreendeu.
Qualquer leitor atento da obra de Freire é obrigado a reconhecer que a sua Pedagogia é atravessada pelo princípio do diálogo como método essencial de construção do conhecimento. Não conseguimos entender como é possível que alguém que afirma e reafirma reiteradamente o diálogo como o caminho necessário para uma educação que respeita a autonomia dos educandos, pode ser rotulado de doutrinador.
A educação é por princípio uma atividade de difusão de valores políticos, axiológicos, estéticos, ideológicos etc. Freire insistia em nos alertar: NÃO EXISTE EDUCAÇÃO NEUTRA.
Transmitir conteúdos prontos sem problematizar os diferentes usos que se faz e que se pode fazer deles na vida concreta da sociedade tem sido a prática dominante da educação escolar brasileira há séculos. Tal processo tem ocorrido de modo dogmático, autoritário, antidialógico e antidemocrático. Ou seja, promovendo (aí sim) uma doutrinação política em favor de uma ordem autoritária, hierárquica, injusta, formadora de sujeitos submissos, incapazes de compreender o uso social do conhecimento que é sempre subordinado a algum interesse.
Freire explicitou que não existe conhecimento e professor que pairam acima das circunstâncias sociais. A educação não é neutra, ao contrário, é sempre a favor ou contra algo, a favor ou contra alguém, a favor ou contra uma dada realidade.
Assumindo-se o caráter eminentemente político de qualquer ato educativo, o educador, de fato, não é aquele que se diz neutro, e sim aquele que abre o diálogo com os educandos a respeito das suas visões de mundo, problematizando-as e buscando seus fundamentos. Freire nos ensinou a fazer isso, ou seja, ensinou-nos a fazer uma educação adequada a uma sociedade democrática.
Tempos difíceis esses em que vivemos. Pessoas que não se importam de marchar junto com outras que pedem intervenção militar acusam Paulo Freire, um dos maiores símbolos da luta democrática do Brasil, de defender a doutrinação na educação.
Se tivéssemos certeza de que esse tipo de deturpação e inversão da realidade não passasse de mera provocação sem maiores danos, nem precisaríamos nos dar ao trabalho de responder e comentar. Porém, infelizmente, não é assim. A história nos ensina que um povo movido por ódio, ignorância, irracionalidade e manipulação midiática pode provocar muitos estragos.
Pode, inclusive, manchar uma obra reconhecida mundialmente, independentemente do sistema político adotado, pois se trata de uma obra moderna, humanista, democrática e defensora do respeito aos seres humanos e seus direitos. Inclusive os que com honestidade intelectual e política discordam, reconhecem que é uma obra eminentemente dialógica.
O Brasil, com suas condições objetivas, produziu no decorrer do século XX este educador e pensador da educação reconhecido pelo mundo, que não sejamos nós, neste início de século XXI a desfazer esta lição de diálogo e democracia.
Freire nos ensinou a fazer da educação um instrumento de luta a favor dos mais vulneráveis da sociedade e revelou que a educação hegemônica tem servido aos poderosos. Seja por desonestidade, seja por ignorância, seja por manipulação, seja por cumplicidade com a ordem social vigente no planeta, os que levantam cartazes contra Paulo Freire fazem um desfavor à educação do Brasil e do mundo.
Diante de tudo o que dissemos anteriormente resta-nos concluir dizendo e conclamando a todos(as) educadores(as) deste país a se indignar, dizendo:
OBRIGADO PAULO FREIRE: por ter aberto os nossos olhos sobre o potencial da educação.
OBRIGADO PAULO FREIRE: por ter nos legado uma obra de tanto valor.
OBRIGADO PAULO FREIRE: por nos deixar orgulhosos por saber que um brasileiro é tão lido e respeitado no mundo inteiro, inspirando milhões de educadores e estudiosos, que veem em sua vida e em sua obra uma inspiração para continuar lutando contra todas as formas de opressão e para continuar desvendando as deturpações promovidas por aqueles que se acham os únicos merecedores de uma vida digna.
Grupo de Estudos e Pesquisas Paulo Freire (GEPPF)
da Universidade Federal do Espírito Santo

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O Grupo Pesquisador em Educação Ambiental, Comunicação e Arte (GPEA) da Universidade Federal de Mato Grosso apoia a carta e manifesta a mesma gratidão ao eterno mestre PAULO FREIRE
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centro de referência de paulo freire

fonte:
http://acervo.paulofreire.org/xmlui/search?fq=location.coll%3A12



Tuesday 24 March 2015

Série revela Amazônia ainda anônima para o Brasil

Em cinco episódios, é retratada uma Amazônia pouco vista, com imagens inéditas de grandes lavouras, criação de gado e devastações ilegais.


O Fantástico deste domingo (22) estreia a série 'Amazônia Sociedade Anônima'. Em cinco episódios, é retratada uma Amazônia pouco vista, com imagens inéditas de grandes lavouras, criação de gado e devastações ilegais. Foram mais de 10 mil quilômetros percorridos por água, terra e ar para revelar uma sociedade que continua anônima para o Brasil.
Cada episódio passeia por um tema, que vai desde a retirada ilegal de madeira, a ampla fronteira agrícola da região, os altos investimentos no setor de energia e minério até a discussão sobre o futuro da maior floresta do mundo.

fonte: http://g1.globo.com/fantastico/quadros/amazonia-sociedade-anonima/noticia/2015/03/serie-revela-amazonia-ainda-anonima-para-o-brasil.html