Friday 18 April 2014

Metade das mortes de ambientalista no mundo ocorreu no Brasil

o eco
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Metade das mortes de ambientalista no mundo ocorreu no Brasil
((o))eco - 17/04/14

ZE CLAUDIOGraças às denúncias de Zé Cláudio, pelo menos 10 serrarias de castanheiras foram fechadas. Foto: Felipe Milanez
Era por volta de 7h30 da manhã do dia 24 de maio de 2011, o casal José Claudio Ribeiro, 54 anos, e Maria do Espírito Santo, de 53 anos, foram fuzilados numa emboscada na estrada que dava para o assentamento Praia Alta da Piranheira, em Nova Ipixuna, no Pará. José Cláudio costumava não pegar o mesmo caminho quando ia para cidade, pois sabia que estava marcado para morrer.
Na ocasião, Zé Cláudio teve a orelha cortada e a "prova" retirada pelos pistoleiros foi entregue ao mandate do serviço, que nunca foi julgado. Os pistoleiros foram presos e condenados em 2013. Já José Rodrigues Moreira, acusado de mandar matar o casal de extrativistas, foi absolvido por falta de provas.
O assassinato de José Carlos e Maria do Espírito Santo são dois de uma lista de 448 defensores do meio ambiente assassinadas entre 2002 e 2013 ocorridas apenas no Brasil, de acordo com o relatório da ONG Global Witness, publicado ontem (15). Foram 908 casos documentados pela organização em 35 países.
No mundo, 2012 foi o ano onde mais morreram ativistas ambientais, de acordo com a série histórica dos dados: 148 pessoas foram assassinadas por defender o meio ambiente naquele ano. No Brasil, entre eles, estavam ospescadores Almir Nogueira de Amorim e João Luiz Telles Penetra, encontrados na Baia de Guanabara entre os dias 24 e 25 de junho, poucos dias depois do encerramento da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.
De acordo com reportagem publicada pelo jornal espanhol El Pais, a organização admite que os dados são subestimados, já que só entraram no relatório dados baseados em documentação confiável e na verificação feito por parceiros locais da ONG. O resultado é um universo em que a América e a Ásia (veja infográfico) tiveram os piores resultados e países africanos como a Nigéria, República Democrática do Congo ou Zimbábue, onde há muito conflito por terra, não entraram na lista por ausência de documentação.
A principal conclusão do relatório diz respeito a um aspecto que a sociedade brasileira conhece bem: a impunidade.  Dos casos acompanhados pela organização, apenas 10 foram julgados e condenados.
“Existem poucos sintomas mais determinantes e óbvios da crise ambiental mundial que um dramático aumento no assassinato de cidadãos que defendem os direitos sobre a terra ou o meio ambiente. No entanto, este problema que está se agravando tão rapidamente está acontecendo praticamente desapercebido e, na grande maioria dos casos, os responsáveis estão saindo livres”, afirma Oliver Courtney, porta-voz da Global Witness, à reportagem do El Pais.


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